Rafa Dutra – Psicólogo, Educador e Coordenador do Núcleo de Formação Humana do Grupo Fênix de Educação –
Vivemos, nacional e internacionalmente, um momento crítico em relação à intolerância religiosa, muitas questões são colocadas e, infelizmente, as consequências são graves. Não é uma mera questão de discordar, mas de tentativas de anular social e politicamente o outro que possui uma religião diferente, deslegitimar sua crença, desvalorizar seus valores e suprimir seus direitos. É comum associar o embate entre as propostas dos Direitos Humanos e os dogmas e as “verdades” religiosas, uma vez que em inúmeros casos, de fato, essas duas propostas de conduta entram em rota de colisão. No entanto, esse é um debate de extrema importância e que precisa não apenas ser feito, mas também esclarecido. Muitas vezes a proposta de um Estado laico defendido pelos Direitos Humanos é apontada com uma proposta de um Estado ateu, o que é um grande equívoco, uma vez que a laicidade não propõe um Estado sem religião, mas um Estado que permita a existência de todas as manifestações religiosas, e sabemos, pelo momento que vivemos e pela história da humanidade, que os conflitos inerentes dessa questão sempre estiveram presentes.
Trazer a discussão da tolerância religiosidade para dentro da sala de aula é imprescindível, uma vez que a dimensão da espiritualidade/ religiosidade é uma questão estruturante da construção da identidade de cada um e da sociedade; a diversidade religiosa está presente na escola e em uma sala de aula encontramos alunos e alunas de diversas crenças convivendo e compartilhando o dia-a-dia escolar. Aprender sobre as diferentes religiões, conhecer os fundamentos que sustentam as diferentes crenças e avançar nos preconceitos que impedem de conhecer e aceitar a diversidade é um desafio para a sociedade e para a Educação. Claro que a família tem papel fundamental nesse processo, mas a escola, como um espaço de formação cidadã, não pode se eximir dessa responsabilidade sob o preceito de que “religiões não se discutem”.
Falar em religiões é falar sempre no plural, elas precisam sim ser discutidas, conhecidas e, sobretudo, respeitadas. Conviver com a diferença é uma necessidade para se viver em uma sociedade ética e democrática, romper com os preconceitos a partir do conhecimento das diferentes culturas e manifestações religiosas é um passo significativo para construir uma sociedade mais tolerante, mais justa e igualitária. Precisamos romper com a ideia de que temas delicados não podem ser discutidos e abrir espaços para conviver, debater e refletir sobre as diversidades, especialmente a diversidade religiosa! Forte Abraço,