Prof. Lupércio Rizzo – Doutor em filosofia da educação, mestre em educação, especialista em docência e pedagogo -
É difícil afirmar que uma palavra representa um tempo, um período ou uma época. Talvez uma palavra não seja capaz de contemplar nem mesmo um dia inteiro. As emoções se alteram, os pontos de vista também. Mas vou arriscar escolhendo uma palavra: Segurança. Em tempos de pandemia, isolamento e risco de morte, a palavra segurança parece ser determinante. (Talvez atualmente possa ser confundida com vacina) Só que aqui também existe redução da própria palavra. Se por um lado é redutor dizer que um tempo cabe em uma palavra, também é pequeno demais achar que um nome (palavra) serve para tudo.
Esperamos e necessitamos de segurança nas nossas comunicações, para isso existem pessoas que estudam muito e grandes quantias são investidas. Todos os dias trocamos mensagens que precisam ser resguardadas, quer por questões pessoais quer por questões financeiras.
Segurança pressupõem confiança. Quando passamos um cartão em um equipamento e aparece a confirmação da transação temos a segurança que o dinheiro existe, mesmo sem tê-lo visto fisicamente. Quando as empresas elaboram seus planejamentos o fazem tendo em mente certa previsibilidade, que é outro nome que se adequa à palavra segurança. Quando trabalhamos confiamos em receber, o mesmo se dá quando vendemos algo ou alugamos um imóvel.
Para além da segurança do trabalho para evitar acidentes temos o desejo de boa viagem aos que partem, o conselho de vai com cuidado para os filhos, a expressão usada pelos mais velhos – juízo – também indica sempre que se cumpra determinada condição sem nada de errado, ou seja, em segurança.
Vivemos em uma sociedade que tem grandes marcas de insegurança. Mulheres, negros, pobres, idosos convivem com inúmeras formas de insegurança; física, moral, social para citar apenas alguns, poderíamos facilmente aumentar a lista, tanto dos que sofrem como dos riscos a que estão sujeitos.
Tristes tempos em que muitos pensam que segurança se alcança aumentando a truculência, a força ou a vigilância que pode indicar redução de liberdade. Benjamin Franklin dizia que “aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança”.
Eu gostaria de arriscar uma alternativa para a insegurança, mesmo que seja uma opinião sujeita a muitas críticas (o que é bom, não há segurança que nossas opiniões estejam corretas).
A segurança na comunidade não é alcançada com mais polícia armada e armas na rua, mas com o aprendizado da convivência com a diversidade. Temos mais saúde (segurança) quanto mais diversificada é nossa alimentação, a ausência diminui com a riqueza dos momentos, não apenas com presença. Não é aumentado a dose dos remédios que se curam as doenças, mas atuando em muitas frentes.
De novo: O contrário de insegurança não é segurança, é convivência. Convivência pode ser traduzida por sintonia e sinergia. Estar longe mas presente, distante mas conectado. A convivência cria pertencimento, parceria, possibilita o diálogo, a troca de ideias e o entendimento de que somos iguais nas diferenças e, por isso mesmo, únicos mesmo sendo parte de um todo.
Precisamos da segurança para viver bem, para viver com paz e felicidade, mas precisamos com urgência (especialmente nesses tempos) compreender que segurança não se consegue com força, mas com cuidado, carinho, presença e acima de tudo, confiança.