Prof. Lupercio Rizzo – Doutor em filosofia da educação, mestre em educação, especialista em docência e pedagogo –
Há uma dose de tristeza no ar…
Essa semana vi um status em uma rede social que afirmava que a resiliência é um Sol que mora dentro da gente e que não se apaga. Essa frase me fez pensar e é sobre ela que me dedico hoje.
A pandemia e por consequência o isolamento social nos levaram a pensar que estaríamos mais solidários e que sairíamos melhores de toda essa situação. Talvez o sofrimento coletivo nos deixasse mais permeáveis a dor alheia. Receio que isso não seja tão verdadeiro…
Segundo alguns cientistas, na natureza o mais forte sobrevive, outros complementam a tese afirmando que os que se adaptam são os que sobrevivem. Quem sabe humildemente podemos dizer que ser mais forte é ter maior capacidade de adaptação.
Adaptar significa acomodar, moldar e, de certa forma tocar adiante. Não sem dor, mas tocar em frente. Almir Sater lindamente comenta sobre isso em sua música “Tocando em frente”. Ele nos diz: “Ando devagar porque já tive pressa. E levo esse sorriso. Porque já chorei demais”. Mais adiante, na mesma música: “É preciso amor pra poder pulsar. É preciso paz pra poder sorrir. É preciso a chuva para florir. Todo mundo ama um dia. Todo mundo chora. Um dia a gente chega. E no outro vai embora”
Um alerta: Adaptar-se é diferente de anestesiar-se.
Anestesiar é não sentir, ignorar, não perceber e não notar.
Embora a letra da música seja linda ela não precisa ser sempre verdadeira. Não nos acostumemos com mil mortos, com o desalento da guerra, dos mal tratos e do desprezo pela vida humana. Sim, todo mundo chora, mas que choremos de alegria. Como educadores, que não nos anestesiemos para aqueles que não aprendem. Como pessoas que não deixemos de sentir a distância de quem queremos bem.
O momento que estamos vivendo é um convite para a adaptação, que possamos fazê-la sem nunca nos anestesiar. O Sol da resiliência deve ser o mesmo da resistência. Um dia a gente chega, e se isso for feliz, diferentemente da música, que no outro fiquemos.
Os mais fortes sobrevivem, os mais sábios se adaptam, os nobres nunca se anestesiam.
Cada dia é uma chance de sorrir, mesmo que por alguns segundos, a despeito da dificuldade, dos desafios, dos riscos de viver. Existem várias formas de sorrir, em comunhão… Suspeito que seja melhor.
Há uma certa tristeza no ar… Sobre ela paira a esperança que o amor será sempre mais forte e que estaremos mais fortes, melhores e, especialmente, juntos.